O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A JORNADA E O REPOUSO


É preciso seguir em frente.


Ainda que o fim da estrada se perca no horizonte distante, que as tábuas das pontes gemam sob os nossos pés, ou que o cansaço infinito tente deter os nossos passos.


Apesar dos perigos que possa ocultar cada curva do caminho, do medo que se instala em nosso coração, da insegurança e das lágrimas que rolam a cada decepção.


Porque a jornada é a razão primeira do nascimento. Como a partida é o prenúncio da volta, a tempestade é a véspera da bonança e o sonho é o início da desilusão.


Entre risos e lágrimas, é preciso seguir em frente. Porque àquele que se detém em meio ao caminho, não revelará a Vida o seu sentido; nem a Eternidade concederá o seu sopro.


E a ninguém será dado retroceder sobre os seus passos; pois a oportunidade passada não retorna, como cada minuto que se vai jamais voltará a existir em nossos caminhos.


Façamos, pois, do Conhecimento o nosso cajado, e da Fé a força que sustém os nossos passos. Para o homem que acredita, mais leve se torna a jornada.


Para ele, os pássaros cantam e as flores desabrocham; a água cristalina dos riachos alivia a sua sede e as pétalas das flores tombam sobre o solo, para atapetar o seu caminho.


Porque não é apenas com os olhos da carne, que o justo vê a natureza. Antes a sente em seu coração, pois a vida que corre em seu sangue é a mesma que existe na seiva que alimenta a flor.


Não é com os ouvidos da carne, que o sábio escuta a voz do Universo. E por isto distingue na brisa a carícia do Pai; na borrasca identifica a Sua força e na bonança descobre o Seu perdão.


É através da alma, que o homem comunga com o Infinito. Porque é nela que se encontra a centelha da Vida que desconhece a morte e faz do tempo a ferramenta do aperfeiçoamento.


É em sua própria alma, que o homem encontra a esperança. E é ela que o conduzirá através das pontes mais estreitas, das montanhas mais escarpadas e dos mais difíceis caminhos.


É preciso seguir em frente. Sempre. Porque a jornada difícil de hoje nos conduzirá ao oásis do amanhã, e o cansaço que agora nos oprime cederá lugar ao merecido repouso.


Junto ao Coração do Universo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A BELEZA E O TEMPO



Para cada um de vós, o tempo passará.


E com os anos, virão as rugas; brancos ficarão os vossos cabelos e o vosso corpo já não terá a mesma elasticidade; nem responderá com a mesma presteza aos vossos comandos.


Aceitai esta verdade. E tende consciência de que a beleza física é efêmera e a sua melhor moldura é a aura da juventude, que a cada dia mais um pouco se afasta de vós.


Entretanto, a fruta mais saborosa não é a mais verde, e sim aquela que o tempo fez amadurecer. Como o vinho não atinge o seu melhor espírito, senão após o envelhecimento.


Assim acontece ao homem sensato, que não se limita a caminhar, mas desfruta de cada momento da jornada. Este aprende a cada derrota, e recupera as forças em cada vitória.


Este saberá envelhecer. E o passar dos anos não lhe trará a angústia da velhice, mas a serenidade do amadurecimento. E a sua beleza não estará na sua pele, nem no seu rosto.


Brilhará, todavia, nos seus olhos. E emanará das suas palavras e das suas atitudes, porque nascerá do seu verdadeiro Eu. Esta é a beleza que o tempo não vos consegue roubar.


Cultivai, portanto, a vossa beleza interior. Assim como vos dedicais aos cuidados com o corpo, zelai por vossa alma; pois, em verdade, é ela que determina a vossa idade.


Mais jovem é o velho que acredita no futuro, do que o rapaz que já perdeu as esperanças; mais viva está a idosa que se encanta com o amanhecer, do que a moça que se perde na noite.


Inútil não é o homem que caminha sobre pernas cansadas, mas aquele que renunciou aos seus sonhos e deixou-se ficar assentado à beira da estrada por onde passam os seus irmãos.


O tempo, eu vos asseguro, mais vos traz do que vos leva. Porque é mais importante saber posicionar as velas, para aproveitar o vento, do que dispor da força para os remos.


E não é sábio o jovem nadador que se atira ao rio caudaloso e nele desaparece, enquanto o homem experiente constrói uma ponte e em segurança cruza as suas águas.


Para cada um de vós, o tempo passará. E não é o ladrão impiedoso, que vos rouba a juventude, mas o amigo compassivo que vos conduz à maturidade e ao conhecimento.


Ao vosso verdadeiro Eu.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A LIBERDADE DE SER

Preservai o vosso espaço.

Porque para conviver não vos é necessária a covardia de renunciar aos vossos direitos; mas a sabedoria para estabelecer os vossos limites e respeitar os vossos irmãos.

Cada homem tem os seus desejos e as suas necessidades. E naquele que se anula todos os dias, para atender aos desejos de outrem, cresce a revolta, que um dia explodirá.


Deveis, sim, ser humildes. Porque o bambu, que se dobra ao vento forte, sobrevive às tempestades; enquanto o carvalho, que o afronta, tomba fragorosamente ao solo.


Entretanto, a humildade não consiste em abdicar do vosso espaço; mas em admitir que cada um tem um espaço próprio, que precisa ser respeitado. Que seja este o vosso pensar.


Porque, para que uma nova onda se lance sobre a praia, é necessário que se haja desfeito a anterior; e é quando o fruto deixa a árvore, que um novo fruto pode surgir em seu lugar.


Como as plantas de um jardim, repartis entre vós o mesmo ambiente; e, como a elas acontece, é preciso que cada um de vós tenha o seu próprio espaço; ou um ao outro sufocareis.


Uma estrela não busca ofuscar a outra, nem renuncia ao próprio brilho; e juntas tornam belo o céu noturno. Como flores diversas se completam, para formar o perfumado ramalhete.


Eis que as notas musicais são diferentes umas das outras. E se assim não fosse, e se cada uma não tivesse o seu espaço, não existiriam a melodia e o encanto das canções.


E assim também convosco acontece: é preciso que sejais diferentes, e que cada um de vós tenha o seu próprio espaço, para que a canção da Vida possa ecoar no Universo.


Defendei, portanto, a vossa liberdade e o direito de ser como sois; porque apenas cada um de vós conhece os seus próprios desejos e as suas próprias necessidades.


Aceitai esta verdade. Porque assim aprendereis a respeitar a vontade de cada um de vossos irmãos, sem que a ela preciseis servilmente submeter a vossa própria vontade.


E encontrareis em vosso coração a coragem para vencer o medo; para enfrentar a chantagem e as ameaças, em defesa das vossas ideias e dos vossos sentimentos.


Para que livre se torne o vosso verdadeiro Eu.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

AS VOSSAS LEMBRANÇAS


É com o primeiro raio de sol, que nasce o novo dia.


Assim como a noite anuncia a sua chegada com a primeira sombra que se desdobra sobre a terra, e a primeira gota que toca os vossos cabelos faz sentir a presença da chuva.


Nada existe que seja um fim em si mesmo. E o que assim agora vos parece é apenas o prenúncio do recomeço. Como a semente, enterrada no solo, faz brotar a nova planta.


A saudade não é o fim do amor, mas a tentativa de manter vivas as vossas esperanças; e deixará os vossos corações, tão logo um outro amor vos faça viver novos sonhos.


Embora os vossos pés caminhem na realidade, são os sonhos as asas do vosso verdadeiro Eu. E delas necessitais, para que possam as vossas almas conhecer a mansão do amanhã.


Enquanto o vosso corpo está preso no hoje, é no amanhã que vive a vossa essência. Porque o ser infinito que existe em vós foge aos limites do tempo e se encontra no Universo.


É assim que é, desde o início das eras. E já o primeiro homem que andou sobre a terra fitou encantado as estrelas, entre uma saudade imprecisa e a esperança do retorno ao lar.


Em verdade, é da esperança que se nutre a vossa alma. Porque ninguém se disporia a enfrentar uma nova jornada, se em seu coração não acalentasse o sonho de chegar a um futuro melhor.


E, entretanto, insensato é o viajante cujos olhos veem apenas o futuro. Este rouba a si mesmo os encantos da viagem; as flores e as paisagens que encontra e abandona no caminho.


Pois o obcecado pela cachoeira ouve apenas o seu estrondo distante; não desfruta a musica suave do rio, nem o frescor das suas águas, nem o colorido dos peixes que o adornam.


Um dia, cada homem chegará ao fim do seu caminho. Aquele que abriga essa certeza saberá deleitar-se com cada momento feliz que lhe oferece a jornada e aprender com as suas dificuldades.


Pois tudo se perderá nas curvas do tempo; das alegrias e dos sofrimentos, apenas recordações ficarão. E estas constituirão a vossa bagagem; a carga que levareis pela Vida.


Em verdade, não podeis evitar os acontecimentos que o destino coloca em vosso caminho; mas decerto vos cabe escolher as lembranças que convosco guardareis.


Podeis, portanto, escolher entre as más e as boas lembranças; entre as pedras e as flores. Alijai de vós o peso das pedras, para guardar apenas a suavidade e a beleza das flores.


E perfumado se tornará o vosso caminho.


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

AS MINHAS PALAVRAS

Como o sândalo oferece ao vento o seu perfume, eu vos trago as minhas palavras. E vos alerto para que saibais desfrutar de vossos momentos felizes.

Pois, quando vos buscar a tristeza, são as lembranças alegres que vos confortarão. E, ainda que as lágrimas vos banhem as faces, em vossos lábios bailará um sorriso.


Eis que não podeis vencer o rio do tempo. E as suas águas não trazem apenas o colorido dos peixes, mas também os troncos ocultos que ferem e magoam.


Entretanto, em vós residem a magia e a força do Universo. E se delas souberdes dispor, leve não se tornará o vosso fardo, mas encontrareis a força para transportá-lo.


As minhas palavras vos dirão dos contrastes que existem na natureza e em vós mesmos. Pois não me é dado cantar a canção da liberdade, mas ensinar-vos como ouví-la em vossas almas.


A liberdade não é uma graça, mas uma conquista. E ninguém a conseguirá alcançar, sem antes conhecer a si mesmo; sem aprender a respeitar os seus limites, para que em seu caminho não ofenda a seus irmãos.


Ao sopro da brisa, eu vos falarei do carinho e da ternura; para que reconfortados possais sentir os vossos corações. E quando bramir a tormenta, as minhas palavras vos dirão da força e da coragem, para que a possais superar e prosseguir em vosso caminho.


Pois o tempo, que é o senhor do homem, é também a ferramenta do Universo. E por isto vos traz as alegrias e os sofrimentos, as esperanças e as desilusões. Porque ninguém existe em cujo coração frutifique a boa palavra, sem o calor do sorriso e a chuva fria do pranto.


Acolhei, portanto, as vossas tristezas; como o fazeis às vossas alegrias. E sabei que, se estas vos revigoram as forças, para que em frente possais seguir, aquelas vos ensinam a evitar os tropeços que por terra vos lançariam, retardando a vossa jornada.


Conservai em vós a criança interior, para que possais acalentar os vossos sonhos e desfrutar dos vossos momentos felizes. Sede, porém, como o adulto previdente, que não se amedronta com o escuro da noite, mas a ele opõe a sua lâmpada e segue o seu caminho.


E a cada manhã, quando o calor e a luz do sol se espalharem pelo mundo, recordai que a noite voltará a encontrar-vos. Se assim fizerdes, havereis de cuidar das vossas roupas e economizar o vosso azeite; e não temereis o frio, nem a escuridão.


A escuridão e o frio fazem parte da vossa jornada, e não os podeis evitar. Atentai, entretanto, ao vosso verdadeiro Eu; e o vereis sair fortalecido dos momentos difíceis, enquanto a Fé vos conduzir ao Universo e o Amor guiar os vossos passos.


Eu vos sou grato, pela generosidade com que ouvis as minhas palavras. E, entretanto, peço que não as escutem apenas os vossos ouvidos; porque é de coração que vos falo, e a linguagem do coração não se faz entender, senão por outros corações.


Oferecei-me os vossos corações. Porque eu vos ofereço o maior dos tributos que pode ofertar um coração: os meus sorrisos e as minhas lágrimas, os meus sonhos e as minhas desilusões; as minhas noites insones e as manhãs das minhas esperanças.


Eu vos ofereço a minha alma. Para que se junte às vossas próprias almas e unidos possamos prosseguir a nossa jornada.


Rumo ao Coração do Universo.


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